Poder, dor e ofensa

Poder, dor e ofensa se combinam como dimensões complementares do processo de concentração de riqueza.
Como antes foram outros opressores, hoje, o capital financeiro, com a cumplicidade de gerentes, assessores, políticos e meios a seu serviço, impõe sua força sobre o resto da humanidade. Uma minoria de pessoas e organizações econômicas conseguiu, em poucos anos, acumular enormes fortunas através de diversos mecanismos [[Ver os artigos[ Diferenciar geração, redistribuição e extração de valor->http://opinionsur.org.ar/Diferenciar-geracao-redistribuicao?var_recherche=diferenciar] e Encarando a insegurança]], enquanto cresce a desigualdade, reproduz-se sem piedade a pobreza e a indigência, a marcha econômica se torna estruturalmente instável e a insegurança, real ou sentida, transforma as atitudes e as relações entre as pessoas.

Nenhum desses mecanismos de extração de valor são legítimos e, muitos deles, definitivamente, ilegais. Os que os impõem deveriam ser desmascarados como responsáveis da situação presente; longe disso, vivem ostentosamente uma vida dispendiosa e desprovida de significação existencial. Agregam ofensa a sua cobiça e impiedade.

Pretendem passar por honestos e piedosos repartindo em filantropias proporções ínfimas de suas fortunas. Em sua hipocrisia, aspiram a ser queridos e respeitados. As vidas que com suas ações atrapalharam não as têm em conta e encontram mil formas de desprender-se da responsabilidade do que continuam causando. Estão cheios de si mesmos e concebem seus privilégios como direitos inalienáveis. A ordem estabelecida é seu seguro de vida, por mais que essa ordem castigue milhões de outras vidas.

O que há no interior desses seres, o que sentem os que transbordam egoísmo e cobiça? Como todo aquele que lucra às expensas da vida e da felicidade dos demais, provêm-se de valores e justificativas que lhes permitem camuflar crueldades, silenciar remordimentos e evadir das consequências de sua ação. Não obstante, e apesar do gozo imaginado com que se atontam, carregam medos, angústias, profunda insatisfação existencial. Dura condenação a que veem refletida no olhar dos agredidos, impossível de ignorar à medida que caem máscaras e se esvaem em vícios ao resvalar pela vida.

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