Sobre o “infômano”
O “infômano” é a versão última do narcisista, cada vez mais dependente do que lhe dê certezas afirmativas sobre o valor de seus opiniões, seus consumos e seus hábitos, expostos a cada instante e sem suspeitas de negatividade. Han repete uma e outra vez que o único que as redes sociais nos retribuem em troca do usufruto voraz de nossos dados é narcisismo. Os “likes”, os “corações”, os “compartilhados” e os “vistos” que intercâmbios não são mais que narcisismo distribuído por usuários que, ao mesmo tempo, são cada vez mais segmentados, filtrados e moldados pela lógica narcisista das redes. O círculo de confirmação mútua e celebratória que nos repete que somos as melhores versões possíveis de nós mesmos se fecha à perfeição. Há vidas, incluindo carreiras profissionais súbitas e exitosas, atadas à reputação que se constrói com o narcisismo digital.
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Sobre o desapego e o cuidado
Não só habitamos o mundo por meio do trabalho, mas pela empatia, o cuidado e a amorosidade. Este é o lugar da compaixão. Quem tem trabalhado isto melhor que nós os ocidentais tem sido o budismo. A compaixão (Karuná) se articular nos dois movimentos distintos e complementares: o desapego total e o cuidado essencial. Desapego significa deixar o outro ser, não enquadrá-lo, respeitar sua vida e seu destino. Cuidar dele implica não deixa-lo nunca só em seu sofrimento, envolver-se afetivamente com ele para que possa viver melhor, fazendo mais leve sua dor.
Leonardo Boff
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Sobre o ódio que expulsa ao outro
O que demoniza ao outro está tramando pelo ódio. O ódio é uma paixão que impede o diálogo, o reconhecimento da existência e a autonomia do outro. O ódio leva a expulsar o outro, a não o considerar um ser humano.
José Pablo Feinmann
Opinion Sur



