Tem uma canção infantil que diz assim:
“Mambrú [[Referência zombeteira ao primeiro duque de Marlborough (John Churchill), guerreiro britânico do século dezoito que lutou contra a França pela sucessão do trono espanhol.]] foi para a guerra
que dor, que dor, que pena!
Mambrú foi para a guerra
Não sei quando regressará
Dó-ré-mi, dó-ré-fá
Não sei quando regressará”.
Mas, para que guerra é que Mambrú vai nestes tempos? Trata-se de uma guerra nova e desbotada que, com frequência, parece rejeitar seu nome. Este artigo visa esclarecer o panorama e explorar um pouco o futuro.
Quando a Al-Qaeda atacou os Estados Unidos, no dia 11 de setembro de 2001, ela acertou em dois de seus três supostos alvos: as torres gêmeas de Wall Street e o Pentágono (é provável que ela também visasse atingir o prédio do Congresso ou a Casa Branca). Com o ataque, entretanto, a organização terrorista não-estatal não afetou o nervo do país mais poderoso do mundo, mas alcançou os símbolos e a essência do imaginário social. Tal como Michel Foucault disse há muitos anos, o poder não reside nas instituições com endereço fixo, e sim nas redes e nas relações. A organização decerto conseguiu surpreender o mundo através de um golpe de propaganda sangrento e espetacular, e levou o país a declarar “guerra ao terror” –expressão que distorce o sentido da palavra “guerra”, tornando-a irreconhecível.
Cegados por esse ataque inesperado, os EUA reagiram como o ciclope Polifemo na Odisséia, quando o astucioso Ulisses e a sua tripulação espetaram uma vara ardente no seu único olho e fugiram da carverna na qual tinham sido encerrados. Os EUA se lançaram a uma guerra convencional e eletiva contra o inimigo errado: uma potência de terceira categoria, desajeitada, que em pouco tempo virou um lugar anárquico, sede de episódios de violência não-convencionais, desgastantes e duradouros. Mal preparada para fazer frente a essa situação, a coalizão que ocupou o Iraque, liderada pelos Estados Unidos, cometeu erro após erro até que, afinal, o poder militar mais impressionante da história colocou suas próprias forças armadas em sérias dificuldades, perdeu o prestígio no âmbito internacional e enfraqueceu o Tesouro Nacional mediante gastos descomunais. A renovação das tropas, que resultou na incorporação de várias centenas de milhares de novos soldados, a execução de uma guerra eletrônica extremamente complexa e requintada, com tecnologia espacial, aeronaves sem pilotos, munições “inteligentes” de alta precisão, e um orçamento de mais de 400 bilhões de dólares não conseguiram neutralizar a ação de vinte ou trinta mil insurgentes munidos de armas simples ou improvisadas que até hoje continuam a decidir onde e quando vão atacar.
O atentado de 11 de setembro e sua sequela, principalmente o fracaso do ataque ao Iraque, evidenciaram uma nova realidade —na qual alguns governos, e especialmente os analistas e os especialistas em história militar, já tinham reparado, mas que não se manifestava aos olhos da população nos países ricos: os conceitos clássicos sobre estratégia militar, transmitidos nas escolas de guerra, não se ajustam aos conflitos do século XXI.
A guerra, tal como era conhecida de 1648 (a Paz de Vestfália) a 1945 (final da Segunda Guerra Mundial), virou uma instituição cada vez mais obsoleta. Outras pessoas mais capazes do que eu já analisaram essa evolução —ou melhor, essa involução— até o limite de sua virtual extinção. [[Em especial, Martin Van Creveld, The Changing Face of War. Lessons of Combat, from the Marne to Iraq, New York: Presidio Press, 2006.]] Como sói acontecer no caso das instituições em decadência, a involução da guerra vem acompanhada do uso amplo e abusivo do termo “guerra” para aludir metaforicamente a fenômenos bem diferentes. Já tivemos guerras contra as drogas, guerras contra a pobreza e, claro, uma guerra contra o terror. Não é de estranhar que, daqui a pouco, incluamos uma guerra contra a depressão econômica no menu de guerres du jour. A guerra é cada vez mais uma miragem e uma metáfora. Hoje, os inimigos são os moinhos de vento de Dom Quixote.
Porém, enquanto a erosão institucional da guerra avança, tanto os países desenvolvidos quanto os países em desenvolvimento insistem na aquisição de armamentos esquisitos, caros demais e geralmente inúteis, e em manterem tropas de luxo cuja principal função nos chamados “conflitos de baixa intensidade” que se espalham pelo mundo é a de assumir o papel de observadores e a de “garantir a paz”. Esses “garantes” estão impotentes diante das guerras civis, das insurgências, dos casos de “limpeza étnica” e dos genocídios que ocorrem nos subúrbios do planeta, ou seja, em lugares que podemos classificar como ex-países, proto-países e pseudo-países. Os militares das missões internacionais observam como, nesses cenários de miséria e dor, a população civil é massacrada.
Os atores não-estatais lutam entre si e contra os estados organizados. Como é sabido nas cidades de Buenos Aires, Nova Iorque, Madri, Londres e Mumbai, esses agentes já não se conformam em ficar fora do mundo civilizado. Da mesma maneira que outras redes de atores mais benignos, como as multinacionais Nestle ou Mitsubishi, eles também não respeitam as fronteiras, nem fazem distinção entre militares e civis, nem se detêm diante de alguns símbolos de grande importância.
Existe, portanto, uma grave desconexão entre os novos desafios em matéria de conflitos e violência, e as respostas e reações convencionais. A maioria das instituições militares continuam apegadas à realidade e às ideias antigas. Enquanto isso, há conflitos violentos de outro tipo que se multiplicam como vermes no corpo de estados e nações em decomposição. Será que eles merecem o qualificativo de “guerra”? Eu resisto a utilizar um termo tão desgastado pelo uso. No entanto, acho que podemos empregá-lo desde que atendamos aos seguintes traços característicos desse novo tipo de conflito armado: (1) trata-se de uma forma de violência planejada e perpetrada por agentes não-estatais; (2) ela não faz distinção entre o civil e o militar; (3) é global (não respeita limites físicos ou simbólicos); e (4) tem um caráter mais denotativo que instrumentalista (é um fim mais do que um meio). Diante dessa realidade, o mundo da Realpolitik, ou melhor, do conjunto de estados e nações que reclamam para si o monopólio legítimo da violência em determinados territórios e que lutam por seus interesses individuais, vai ter que se adaptar à nova situação de maneira rápida e apropiada ou vai se tornar irrelevante. Isso é algo fácil de dizer, mas muito difícil de fazer. Ainda persistem as antigas estruturas: reformar os complexos industriais e militares e dar a eles um novo direcionamento não é simples. É bem difícil mudar a mentalidade cultivada através de séculos de minuciosa construção de estados organizados.
Porém, a crise econômica internacional representa uma oportunidade para implementar mudanças em matéria militar. Depois de vários anos de incremento desmedido do gasto militar, não só na superpotência supérstite, mas também nas potências emergentes —tanto na China e na Rússia ressurgente, quanto em diferentes países líderes a nível regional (o Brasil, a Índia, o Irã), cujas ambições de caráter militar foram alimentadas pelos lucros obtidos com o petróleo e outras commodities—, a abrupta revisão para baixo das expectativas de crescimento sustentado vai ter impacto sobre a aquisição de armamentos caros e inúteis. Somente nos Estados Unidos, o orçamento anual para operações militares regulares já chegou a meio trilhão de dólares –o mais alto desde a Segunda Guerra Mundial. E esse orçamento operacional não inclui os investimentos em armas novas. Já não se trata de saber se essas despesas vão causar a quebra das contas públicas, mas de saber como manter as despesas depois da quebra. Mas há uma outra questão mais importante: qual o papel dos projetos bélicos nos grandes programas de obras públicas a serem implementados no futuro próximo para alavancar a economia?
As forças armadas de vários países soem realizar reuniões a portas fechadas nas quais discutem sobre os programas e armamentos que devem ser eliminados. Trata-se de um momento de desusada sinceridade, em que o foco da discussão entre os altos comandos costuma mudar para o tema da verdadeira natureza da guerra neste século. Não há nada melhor que uma crise fenomenal para estimular o pensamento estratégico. Além do dilema sobre a necessidade de cortar gastos, o mais importante é redesenhar o esforço para que a estrutura militar se torne mais racional e útil, e deixe de ser inerte e ineficaz.
Por enquanto, os primeiros candidatos a serem eliminados são os petrechos mais caros, ou seja, os armamentos ultra-sofisticados que hoje constituem o orgulho teórico de uma superpotência. Na minha opinião, trata-se de uma boa notícia. Os atuais sistemas armamentistas têm o mesmo significado para nossa sociedade que as pirâmides para os antigos egípcios: os dois representam esforços extraordinários, com a diferença de que as pirâmides foram feitas para durar, enquanto as armas se tornam obsoletas mesmo antes de serem fabricadas e têm de ser substituídas por armas novas, ainda mais custosas e delirantes. Nos Estados Unidos, as despesas com armamento, não previstas no orçamento, atingem centenas de bilhões por ano. Diante da crise atual, o Congresso norte-americano intensificou o controle das despesas públicas e tomou a decisão (sem dúvida, dolorosa para muitos parlamentares “comprados”) de eliminar alguns sistemas de combate avançado e algumas jóias do arsenal nacional, como o Joint Strike Fighter, um maravilhoso avião de caça da aeronáutica. A relação de petrechos suprimidos também inclui os novos contratorpedeiros da Marinha e o sistema de defesa antimísseis, que gerou tantos atritos entre os Estados Unidos de Bush e a Rússia de Putin. Está na hora de se perguntar para que servem esses brinquedos letais, que enlanguescem nos hangares por falta de verdadeiros inimigos.
Mas há uma outra grande dotação para fazer face às despesas militares –convenientemente excluída do orçamento pelo presidente Bush: o gasto “adicional” destinado às guerras simultâneas do Iraque e do Afeganistão, que atinge 100 bilhões de dólares por ano. O tema central dessas duas guerras é o seguinte: apesar dos grandes recursos aplicados nelas, as forças expedicionárias não conseguiram, nem remotamente, algo parecido com uma “vitória”. Ao invés dos políticos domésticos, nenhum oficial responsável pelo teatro de operações ousa utilizar essa palavra. A assimetria entre as despesas descomunais e os pobríssimos resultados os leva a reconsiderar o objetivo, a utilidade e até o sentido da guerra, tal como ela foi concebida nos últimos 300 anos. Em resumo, nem a alta tecnologia no espaço, nem as botas no campo de batalha são capazes de fazer o que deveriam.
Mas, o que deve ser feito? Primeiro, é preciso reconhecer que os desafios atuais apresentam uma complexidade inusitada: constituem um quebra-cabeça de violências pré-modernas e de redes pós-modernas. Segundo, há que admitir nenhum estabelecimento militar, e principalmente o da superpotência norte-americana, possui o equipamento necessário para fazer frente a eles. O Pentágono não tem tropas suficientes para permanecer no Iraque e para, ao mesmo tempo, continuar a guerra no Afganistão; isso, sem falar de outras crises, em outros lugares do planeta, nas quais ele gostaria de intervir. Se 685 bilhões de dólares (o orçamento militar para 2008) não bastam para o conseguir, então, o que se precisa? O fato de convencer outros países –sejam eles aliados efetivos ou potenciais— a contribuírem não será de muita utilidade, já que a soma dos orçamentos de todos esses países juntos não se iguala ao orçamento militar norte-americano. Qual a razão para continuar alimentando um dinossauro?
O problema não são os recursos, mas o desenho. Portanto, a terceira das tarefas a serem feitas é a reconstrução e o redesenho da instituição militar para fazer face aos diversos desafios e perigos que mudan continuamente como se fossem retrovírus. Como afirmava o sociólogo alemão Ulrich Beck, nós fazemos parte de uma sociedade global de risco, mais do que de um sistema de estados. [[Ulrich Beck, Risk Society, Towards a New Modernity. Traduzido do alemão por Mark Ritter, com introdução de Scott Lash e Brian Wynne. Londres: Sage Publications, 1992 [publicado originalmente em 1986].]] Se bem que este último ainda não tenha desaparecido, ele também está mudando por causa do surgimento de potências regionais como a China, a Rússia, a Índia, o Irã e o Brasil; da instabilidade de outras nações, como o Paquistão e a Coréia do Norte (cuja importância se deve ao fato de possuírem um armamento atômico limitado); e da multiplicação de países malsucedidos ou malogrados. Os Estados Unidos e a OTAN precisam de uma estratégia para contenerem, cooptarem e intimidarem esses países pequenos, mas significativos. É possível que no limite geopolítico [[Trata-se da linha costeira do bloco euro-asiático, zona que foi objeto de debate entre os grandes pensadores da geopolítica clássica, como Mackinder e Spykman.
]] desse supérstite, mesmo que instável, sistema de nações haja guerras convencionais e até uma guerra regional nuclear. Nessa linha geopolítica de fogo, a contenção e a prevenção são muito mais importantes do que o confronto direto (erro fundamental da doutrina de Bush). A principal lição que podemos tirar da guerra do Iraque é que uma intervenção militar eletiva e inicialmente fácil se transforma rapidamente em um pesadelo estratégico, porque origina novos desafios: casos de insurgências e anarquia em que existe baixa probabilidade de “sucesso”. Além disso, as guerras “preventivas” desse tipo podem abrir um perigoso precedente, já que incitam outros países a atuarem da mesma maneira, fato que pode resultar na “guerra do fim do mundo”. O caso do Iraque nos ensina que a destruição de uma nação por parte de uma superpotência, seguida de uma ineficaz campanha de reconstrução nacional (caricatura do Plano Marshall), significa colocar o carro diante dos bois. Nesta situação, a única opção é realizar uma retirada tão ordenada quanto possível, acompanhada de um minucioso esforço diplomático. Ainda que pareça paradoxal, o passo seguinte é a reforma e a ampliação das forças armadas dos Estados Unidos e de seus aliados.
O principal desafio é de natureza diferente. Ele reside nas lacunas do mencionado sistema de nações e não pára de crescer. Não é novo, mas adquiriu um novo significado. São vários os rótulos aplicados a ele: guerra irregular, insurgência e o pouco claro e consabido nome de “terror”. Neste ponto, reina a confusão. Como aponta o historiador israelense Martin Van Creveld, há suficientes manuais de contra-insurgência para encher uma biblioteca inteira, mas quase todos merecem ser descartados, já que foram escritos pelos vencidos. Por enquanto, não existe uma receita mágica proveniente dos pouquíssimos casos de “sucesso” resultantes dos episódios de insurgência ocorridos desde o ano de 1945, pois cada um deles é diferente dos outros e pertence a um contexto único. Não é possível generalização alguma. Pior ainda, as poucas “lições” de contra-insurgência bem-sucedida vão de um extremo ao outro: desde a paciente reconciliação até a supressão brutal. Uma coisa fica clara: esse tipo de guerra requer uma paciência minuciosa, muita informação e uma análise inteligente, a atuação da polícia mais do que do exército, e conhecimentos sociológicos ou antropológicos em lugar de uma série de canhonaços. Nesses casos, o pensamento estratégico se aproxima mais de Sun Tzu do que de Clausewitz.
No futuro próximo assistiremos à interpenetração de programas militares e civis, e à militarização da ajuda externa e da assistência na redução da pobreza. Segundo o presidente do Banco Mundial, trata-se de “reunir segurança e desenvolvimento”. A partir da crise financeira e da profunda recessão que ameaça os EUA, a segurança nacional e internacional servirá para justificar os grandes programas de obras públicas a serem executados em 2009. Da mesma maneira que os preparativos bélicos foram os programas de obras públicas que conseguiram fazer os Estados Unidos saírem da Grande Depressão dos anos trinta, os novos programas de segurança a serem implementados em outras áreas (a bélica, a ambiental e a energética) farão a economia atual sair do pântano. Mas desta vez não será a produção industrial em massa nem a ocorrência de uma guerra mundial entre titãs que vai movimentar milhões. Não haverá uma produção anual de 100 mil aviões de combate (somente nos Estados Unidos), como aconteceu na Segunda Guerra Mundial, e sim outro tipo de mobilização, destinada a eliminar as armas dos conflitos civis, a reduzir a pobreza extrema e a sustentar alguns países desfalecentes. O Pentágono do futuro vai se assemelhar a uma agência de desenvolvimento, e as ONGs vão incluir elementos próprios da segurança internacional. Milhares de expertos e voluntários —médicos, sociólogos, antropólogos, economistas, especialistas em administração e no desenvolvimento de negócios, e outros profissionais— vão conseguir empregos associados à contenção de guerras não-convencionais. As forças armadas vão exibir um novo civismo e surgirão exércitos de voluntários civis voltados para a segurança e o desenvolvimento sustentável, como o Corpo Civil de Resposta criado nos Estados Unidos.
O novo Pentágono e seus pares em outras regiões estarão menos focados na conservação de seus clássicos brinquedos de guerra (submarinos de ataque, aviões de combate com tecnologia avançada, sistemas antimísseis, etc) e muito mais focados na defesa da área costeira, no transporte e na capacidade de trasladar pessoas de um lugar do planeta para outro a fim de fazer face às emergências civis e naturais. As grandes nações assumirão a liderança, e muitas outras as acompanharão, inclusive as Nações Unidas, uma organização que se tornará muito mais ágil do que na atualidade. Os norte-americanos vão arcar com a maior parte do esforço, enquanto os outros países vão contribuir com a realização de tarefas mais específicas.
A guerra, através de suas diferentes formas e máscaras, vai nos acompanhar até o fim dos tempos, entre outras causas porque se trata de um tipo de interação humana extrema que gera um entusiasmo deplorável, mas inevitável. No entanto, a natureza da guerra tem mudado. A clássica guerra “trinitária” [[Tal como é definida por Von Clausewitz e Van Creveld.]] morreu e as guerras de titãs se extinguiram. Porém, ainda é possível que haja pequenas guerras ocasionais de estilo clássico e, principalmente, alguma guerra nuclear regional, muitas revoltas em países fracasados e ataques simultâneos e oportunistas realizados conjuntamente por redes de organizações civis, fanáticas ou niilistas, contra nações organizadas. As populações dos lugares “ordenados” estarão sujeitas a uma vigilância mais profunda e rigorosa (paradoxalmente, quanto maior o desenvolvimento, maior o controle). Sob essas máscaras, o espectro da guerra vai continuar ameaçando a humanidade, da mesma forma que seu eterno oposto: a esperança esquiva da paz.
A paz não tem heróis, mas costuma criar mártires. O sentido original da palavra grega “paz” (μάρτυς) não tem nada a ver com o combate: ela não implica o porte de armas, mas sim o porte de testemunhos. É por isso que muitos personagens carismáticos que pregaram a paz tiveram um fim violento. A crueldade do martírio que suportaram contribuiu para a preservação de sua memória. Os movimentos sociais criados por seus seguidores interpretaram a desgraça desses líderes da paz como um sacrifício supremo. Porém, a santificação através do sangue faz com que essas figuras passem para o extremo oposto e se toquem com sua antítese: os guerreiros.
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