Democracias fracas geram ditaduras fortes

O filósofo José Pablo Feinmann nos recorda que as democracias fracas geram ditaduras fortes. Um exemplo que oferece é a República de Weimar na Alemanha e a chegada ao poder via eleitoral do regime nazi. Destaca que voltaram a aparecer as personagens sinistras, os loucos, os violentos, em um contexto social que a combinação de neoliberalismo e pandemia deixou muito vulnerável. Estão em todas as partes, afirma, na Alemanha, Espanha, Itália, Estados Unidos e muitos países em quase todas as latitudes. Inoculando ódios e medos, buscam a via eleitoral para depois proibir as eleições.

Como fortalecer as democracias quando a maioria foi capturada e perfilada por poderosas minorias?

Em democracias, a diferença de em ditaduras, predomina a diversidade de enfoques, valores, interesses. É uma diversidade em múltiplas dimensões que não ameaça, enriquece a busca de outros rumos, outras formas de funcionar, outros timoneiros. Não mais o imposto pelos dominadores. O desafio passa por fazer convergir e alinhar construtivamente os diferentes aportes, esclarecer para compreender o que sucede e organizar para avançar com sólidas coalisões sociais. União de diferentes que não deixa de fora a diversidade, a inclui e abarca. Se, em troca, predominassem interesses subalternos, se as prioridades e as avenidas propostas não fossem compreendidas, se os timoneiros se tivessem entrincheirado em normas e instituições criadas para assegurar sua predominância, se persistissem divisionismos – muitos induzidos pelos dominadores -, se debilitará a convergência de setores médios e populares.

Hoje a humanidade necessita democracias fortes com interior diverso para cerrar o passo aos sinistros. Sem receituário único, tão pouco novos fundamentalismos, por que haverá muitas formas de lográ-lo segundo as singularidades de cada momento e situação. Ali nos situamos.

Cordiais saudações,

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