– Sobre o sequestro de um bebê pela ditadura militar no Uruguai
– Sobre que “às vezes, há que se fazer coisas fodidas”
– Sobre assumir responsabilidade institucional por violações de direitos humanos cometidas na ditadura
– Sobre a coragem moralSobre o sequestro de um bebê pela ditadura militar no Uruguai
Uma placa onde antes havia um centro de reclusão clandestino diz assim: “Maria Claudia, cidadã argentina, que se encontrava grávida, foi sequestrada com seu esposo, Marcelo Gelman, em Buenos Aires, em 24 de agosto de 1976. Levada ao Uruguai sob o marco da Operação Condor, permaneceu detida e deu à luz a Macarena, em Montevideo, presumidamente em 1º de novembro de 1976. Separada de sua mãe, Macarena foi subtraída e privada de sua identidade, permanecendo desaparecida até conhecer sua história, 24 anos depois”.
Placa colocada em uma antiga sede do Serviço de Informação e Defesa, Montevideo
Sobre que “às vezes, há que se fazer coisas fodidas”
Frase dura e contundente que, em uma noite de novembro de 1976, um soldado escutou quando dois camaradas tiravam de uma prisão clandestina uma jovem argentina e sua bebê trazidas ilegalmente ao Uruguai. Iriam matar Maria Claudia Garcia, nora do escritor Juan Gelman, e entregar a filha recém-nascida, em um cesto, a um oficial de polícia.
Testemunho do ex-soldado Julio Barbosa
Sobre assumir responsabilidade institucional por violações de direitos humanos cometidas na ditadura
Em nome da República Oriental do Uruguai, como entidade coletiva, e no marco dos princípios de continuidade e sucessão do Estado, independentemente do âmbito temporal e material em que ocorreram os fatos, o Estado uruguaio reconhece sua responsabilidade institucional pelo desaparecimento forçado de Maria Claudia Garcia Iruretagoyena de Gelman, a qual violou seus direitos ao reconhecimento de sua personalidade jurídica, à vida, à integridade pessoal e à liberdade pessoal.
José Mujica, Presidente do Uruguai, preso em 1976 por ações de guerrilha
Sobre a coragem moral
Que paradoxo! Uma vítima da ditadura militar teve que reconhecer a responsabilidade de seus vitimados; para isso há de haver coragem moral.
Juan Gelman
Opinion Sur



