No funcionamento global e no de nossos países, acontecem fatos aparentemente desvinculados, mas que, em verdade, não o são; em conjunto, explicam boa parte de graves problemas contemporâneos. Neste número de Opinión Sur, três críticos casos são analisados.
O primeiro faz a relação que existe entre (i) a enorme massa de recursos que flui para os chamados “paraísos” fiscais (provenientes dos excedentes apropriados por organizações delitivas e da tremenda evasão fiscal de grandes corporações) e (ii) a insegurança cidadã que sofremos e os déficits nas contas públicas que limitam a oferta de serviços essenciais para nossas populações mais vulneráveis. Cabe perguntar-nos como é possível que essas jurisdições sigam existindo como base financeira do crime organizado e de tantas grandes corporações. As respostas passam por considerar os que as sustentam e os que se beneficiam com sua existência. Fica claro que, sem um acordo com os grandes atores globais, resulta quase impossível eliminar esses paraísos para delinquentes e evasores.
Um segundo artigo sobre franquias populares propõe uma modalidade organizativa para canalizar conhecimentos de excelência e não de descarte aos setores da base da pirâmide. Utilizando moderna engenharia de negócios, existente mas geralmente não disponível para pequenos e micro produtores, são ofertados fatores críticos – financeiros ou não financeiros – que lhes permitem acessar melhores oportunidades. Este tipo de solução inscreve-se dentro de esforços mais amplos para abater a pobreza e a desigualdade que procuram modificar as circunstâncias macro e mesoeconômicas que possibilitam sua reprodução.
Um terceiro artigo apresenta uma análise de um dos instrumentos de política social mais utilizados nas últimas décadas: as transferências monetárias condicionadas para setores vulneráveis. São analisados sucessos e limitações, algumas delas derivadas da necessária complementação desses programas que enfrentam a emergência social com outros esforços estratégicos orientados a remover as causas da pobreza e da indigência. O artigo tem uma significação especial para Opinión Sur: se bem tenha sido redigido por Rolando Franco, a quem muito agradecemos, sustenta-se em uma pesquisa maior que o autor realizara em conjunto com Ernesto Cohen, querido amigo e colaborador de Opinión Sur, em cuja memória é publicado.
Cordiais saudações.
Os Editores
Opinion Sur



