Do selvagem processo concentrador de riqueza e poder de decisão ao bom viver

Até não faz muito tempo, a passagem da selvageria concentradora ao bom viver era uma coisa impensável; pior ainda: nem sequer aparecia no ideário coletivo. Hoje, essa opção está presente porque a terrível deterioração ambiental, as infamantes desigualdades, os castigos impostos às imensas maiorias já são totalmente inaceitáveis e insustentáveis. O poder concentrado e a cobiça institucionalizada comprometeram severamente o hábitat e geraram ódios e frustrações impossíveis de conter sem exercer dura repressão. A instabilidade social dá passagem à desestabilização política.

Hoje, a instabilidade existente no interior de uma potência hegemônica como os Estados Unidos (com fraturas sociais e políticas que a opinião pública mundial percebeu com clareza a raiz da invasão do Capitólio) sacode o tabuleiro geopolítico. Antes, o “equilíbrio” geopolítico havia se transformado quando a União Soviética se dissolveu, depois quando a nova-antiga China emergiu sobre outras bases. O que a história mostra é que os equilíbrios geopolíticos vão se modificando, que mudam -como sempre eles tê-lo feito; porque -entre outras razões- cada contendor não desfruta de uma permanente unidade social. Quando no interior de um centro de poder desenvolvem-se fortes contradições e antagonismos, seu papel geopolítico vê-se afetado, brotam mudanças e instabilidades em diferentes latitudes.

Nesse contexto de inflexão de tendências, enxergar outras desejáveis realidades é um ponto crítico, pois o que hoje parecem espaços vazios, serão inevitavelmente ocupados por nem sempre previsíveis re-alinhamentos de forças. O bom viver da humanidade inteira e o cuidado do planeta é uma opção que cada vez mais pessoas e grupos propomos, em princípio como projeto de país, embora -também- como promissor projeto global.

Sobre estes temas concentramos esta edição de Opinión Sur.

Cordiais saudações,

Os Editores 

 P.S.: Aproveitamos a ocasião para anunciar a publicação do livro Strategic Impasse (só em inglês), cujo autor é o nosso co-editor Juan Eugenio Corradi. Temos confiança em que seja do interesse de vocês.

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